As doenças degenerativas raramente são reversíveis, pois, como o nome indica iniciou-se um processo que representa perda ou deterioração do tecido do Sistema Nervoso Central. Apesar de hoje sabermos que há regeneração e crescimento de células do S.N.C., tal processo só se desenvolve em condições favoráveis. Mas, o fato de não haver cura para estas doenças não quer dizer que não haja tratamento, como acontece com outras doenças, como por exemplo a diabetes. O tratamento não é só farmacológico, mas compreende outras medidas, nomeadamente mudança de estilo de vida, fisioterapia, nutrição e sobretudo adesão a uma vida ocupacional preenchida de forma satisfatória e estimulante. Nalgumas doenças há indicação para estimulação cognitiva.
Demência é uma denominação médica para uma categoria de doenças com défices cognitivos múltiplos, com compromisso da memória, que partilham sintomas e sinais clínicos, mas que têm etiologias diferentes, bem como evolução, prognóstico e tratamentos. Assim, a Doença de Alzheimer é uma entre outras formas de Demência sendo, conjuntamente com a Demência Vascular, as duas mais frequentes apresentações deste tipo de doenças. Fala-se em Demência Senil, uma antiga denominação para estas doenças quando surgiam depois dos 65 anos, não correspondendo a um diagnóstico etiológico e por isso abandonada. O termo Demência encerra em si um caráter prejurativo, na medida em que incorretamente vai remeter para incapacidade mental, o que só se verifica nos estadios mais avançados, sendo por isso posto em causa. Usa-se com frequência e de forma alternativa a designação Doença de Alzheimer e doenças relacionadas.
Não, apesar de serem doenças degenerativas com propensão para serem mais frequentes com o aumento de idade, podem surgir relativamente cedo, como é o caso da Doença Fronto-temporal ou Doença de Pick, ou das formas precoces de Doença de Alzheimer. Acontece manifestarem-se inicialmente por, por exemplo, alterações da personalidade e os défices cognitivos serem discretos. As formas de início precoce têm uma evolução mais rápida e respondem menos bem ao tratamento.
As diferentes doenças diagnosticam-se com base na recolha da história do doente e da doença, na observação do doente, tanto do ponto de vista físico, como do funcionamento mental, este a partir da observação do discurso, do pensamento e do estado anímico. O diagnóstico é essencialmente clínico, mas é frequente haver necessidade de pedir exames complementares de diagnóstico como análises clínicas, imagiologia (T.A.C. ou Ressonância Magnética, Eco-Doppler, etc.) e exames a outros sistemas humanos que possam ter influência direta ou indireta na apresentação, sintomas e evolução destas doenças. Para precisar funções nervosas superiores comprometidas pode ser necessário levar a cabo avaliação neuropsicológica, através da aplicação de testes e sua interpretação. O acompanhamento terapêutico do doente é fundamental para o podermos conhecer, e melhor sabermos interpretar os vários achados clínicos. Avaliar o doente nas crises permite conhecê-lo melhor e responder de forma mais precisa na terapêutica e nos cuidados a prestar. No mesmo doente pode haver comorbilidade, ou seja presença ou associação de duas ou mais doenças no mesmo paciente, podendo ser difícil distinguir o que é originado por uma ou por outra, com a possibilidade de originar erros de diagnóstico. Este fato é frequente quando um doente acumula, por exemplo, doença psiquiátrica não degenerativa e doença degenerativa do S.N.C..
O diagnóstico é fundamental, tanto na elaboração do plano terapêutico, havendo patologias degenerativas com tratamentos muito diferentes, como no prognóstico. O prognóstico é muito importante, não só para o doente, como para a família e pessoas próximas. O doente estar consciente do seu problema ajuda-o a melhor lidar com ele, a melhorar a adesão à terapêutica e a encontrar soluções para ajudar a resolver as dificuldades com que se depara. A família e pessoas próximas, ao compreenderem a doença, também vão enfrentar e manejar os problemas de forma mais eficaz.
O funcionamento em equipa permite que cada caso seja discutido pelas várias disciplinas, havendo ou não observação direta de um doente por esse especialista. Assim, um doente pode ser observado por só um dos elementos da equipa ou por mais do que um, havendo sempre um que fica como elemento de referência. Pode ser pedida a opinião a um dos especialistas, sem que seja observado por ele, caso não se justifique essa observação, ou após observação se for necessária. Os casos são discutidos no âmbito de reunião de equipa e as decisões e planos terapêuticos são elaborados após discussão dos casos. As consultas decorrem em vários tempos, com o objetivo de se concretizar o diagnóstico e o plano terapêutico. Após instituição do plano terapêutico proposto, caso o mesmo seja aceite pelo doente e família, passamos ao seu acompanhamento terapêutico, conceito que vai além das consultas e sessões propostas, uma vez que implica o conhecimento pela equipa do doente, a evolução e resposta terapêutica, a atenção a patologias concomitantes, factores ambientais e relacionais. Os resultados são monitorizados, podendo em caso de não resposta ou de resposta de reduzidos benefícios, serem propostas alterações ao plano terapêutico.
O plano terapêutico é um conjunto de medidas que a vários níveis e com o apoio de várias disciplinas médicas e sociais permitem, para o caso específico daquela pessoa, obter benefícios terapêuticos, que por não serem propostos, por serem considerados isoladamente ou desajustados numa sequência cronológica não representavam ganhos para a saúde do doente. É desenhado e proposto o plano terapêutico após observação e diagnóstico nos vários eixos. A medicação é, quando instituída, uma das partes do plano terapêutico. Ao longo do acompanhamento terapêutico o plano terapêutico é revisto e atualizado.
Não só é importante como pode mesmo ser fundamental. A família e pessoas próximas podem prestar informações sobre o caso clínico do doente, que de outra forma não conseguiríamos obter, e que podem ser decisivas para compreender e diagnosticar certos casos. Da mesma forma podem e devem receber informação relativamente ao doente, de forma a poder compreender e ajudar, sempre que seja necessário. Tal não compromete o segredo profissional e só é feito respeitando os pressupostos éticos.
Sempre que se julgue fundamental, os familiares e pessoas próximas (vulgarmente chamados de cuidadores) devem estar informados acerca da ou das doenças e respectivos prognósticos, bem como do plano terapêutico e da forma como devem ajudar e agir perante aquela pessoa. Podem vir a ser elementos chave no processo terapêutico.
Procuramos atender a horas e só não o fazemos quando motivos exteriores nos impedem. Para podermos organizar esta prática também temos de pedir, aos que nos consultam e tratamos, para chegarem a horas.
Contacte sempre a Clínica antes de recorrer aos Serviços de Urgência, pois pode não ser necessário. Os Serviço de Urgência estão com frequência sobrelotados, o que implica tempo de espera, pouca disponibilidade dos vários intervenientes e fonte de contágio de doenças. Só deverá recorrer imediatamente ao Serviço de Urgência se houver a percepção de ter necessidade imperativa de intervenção médica.